quinta-feira, 12 de maio de 2016

Desafios no ensino de Ciência da Computação a alunos com deficiência auditiva

A busca pela inclusão de pessoas com deficiência auditiva nas salas de aula tem sido um dos maiores movimentos no mundo da educação nos últimos anos. Desde a criação da cota para pessoas com alguma deficiência, o número de alunos especiais nas salas de aula das universidades brasileiras tem aumentado consideravelmente.
Como exemplo de aluno com necessidades especiais, temos os alunos com deficiência auditiva. Apesar do crescente ingresso deles no ensino superior, não os vemos em grande quantidade cursando Ciência da Computação.
Isso se dá, principalmente, pela dificuldade que têm de acompanhar o curso, uma vez que as instituições não estão devidamente preparadas para dar total suporte para eles. Uma das maiores dificuldades deles é a Língua Portuguesa, notadamente a escrita, por causa da difícil memorização das sílabas, que para os ouvintes é mais fácil, pois relacionam o som de uma letra com a sua representação gráfica.
Outra grande dificuldade enfrentada pelos alunos surdos quando chegam em Computação é a falta de material adaptado para a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Como alguns podem ter problemas em ler, interpretar e assimilar o conteúdo escrito, fica restrita a obtenção de conhecimentos por outras fontes, que não sejam o professor e o intérprete. Embora haja softwares, como o VLibras ou ProDeaf, que traduzem texto para língua de sinais, ainda faltam alguns sinais para representar termos técnicos, o que atrapalha o aprendizado. Há um trabalho sendo desenvolvido para ajudar na falta de sinais específicos para informática, o Informática em LIBRAS, desenvolvido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus Campina Grande (IFPB-CG).
O VLibras é uma suíte de ferramentas utilizadas na tradução
do Português para LIBRAS. 
Além disso, os intérpretes de língua de sinal que são colocados em sala, muitas vezes, não recebem treinamento para a disciplina e acaba distorcendo algum conceito passado pelo professor, levando o aluno a cometer erros que normalmente só são detectados na avaliação. Por último, e não menos importante, os professores não são treinados para lidarem com estudantes com necessidades especiais, especialmente os deficientes auditivos. Com isso, não conseguem prover material necessário para que haja melhor aproveitamento pela parte discente, bem como ajudar o intérprete.
A Ciência da Computação, com todo o seu poder, pode ajudar a melhorar essa situação. Muito já tem sido feito, como os softwares de tradução de texto para LIBRAS, mas ainda há muito trabalho nessa área. As instituições de ensino superior também precisam criar frentes de trabalho que auxiliem os professores a lidar com esses alunos, bem como preparar as suas unidades acadêmicas para recebê-los. A educação deve ser democrática e levada à maior quantidade de pessoas possível.

Escrito por:

Antunes Dantas - Integrante do PET Computação

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